quarta-feira, 5 de outubro de 2011


MÁRIO QUINTANA – SE EU FOSSE UM PADRE

mario-quintana
 30 de julho de 1906 — 5 de maio de 1994

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições…
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
… a um belo poema – ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!
* * *
Jardim Interior
Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono…
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.


In: A cor do invisível, de 1989
* * * 
Do Bem e do Mal
No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal. Tudo é volúpia…

In: Caderno H
* * *
DAS ALIANÇAS DESIGUAIS
Gato do Mato e Leão, conforme o combinado,
Juntos caçavam corças pelo mato.
As corças escaparam… Resultado:
Não escapou o gato
Mario Quintana

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