sábado, 11 de fevereiro de 2012

Fonte:http://noticias.r7.com/blogs/o-provocador/2012/02/09/o-carnaval-da-pm-vai-se-tornar-a-penitencia-da-quaresma/

Se a greve dos policiais militares se alastrar (algo que pode passar de possível a provável em poucos dias), o Estado brasileiro vai pagar caro por um de seus maiores erros.
Não é só pelo descaso com que trata seus soldados, remunerando-os de forma vergonhosa. De fato, não há dinheiro. Nem por permitir que a PM seja uma corporação vista como corrupta, violenta e ineficiente. Tampouco por ter perdido o controle sobre um contingente de milhares de soldados, como o de São Paulo, maior do que muitos exércitos de países desenvolvidos. Se nessa questão há Estado, ele é de sítio.
Especialistas dizem que a partir de 15 mil integrantes, qualquer corporação armada se torna inadministrável. Só a Bahia, possui 30 mil. Não há comando que dê conta de uma horda dessas.
Vamos falar a verdade, crua: o maior dos equívocos é permitir aexistência da Polícia Militar. Ela é uma herança, a mais maldita de todas, da ditadura que se abateu sobre o país em 1964. Para os paulistas, é bom saber, a ROTA foi criada em 1970, exclusivamente para matar comunistas, nada mais. E hoje, os vermelhos estão todos mortos, física ou moralmente. Por que não fecham essa sucursal do inferno?
Fechar, não. Unificar. A fusão das polícias civil e militar só não foi feita ainda porque todos os governos pós-democráticos, sem exceção, não tiveram a coragem e a decência  de acabar com essa divisão que apenas dobra, ou multiplica, a insegurança em que fomos aquartelados vivos.
Esse modelo de separar prevenção ao crime e investigação policial científica simplesmente jamais funcionou, a não ser para que jagunços uniformizados fizessem o serviço sujo da ditadura que destruiu um projeto de nação justa, segura e soberana.
Policiais aprenderam táticas de greve com os companheiros sindicalistas. Assim como os traficantes cariocas aprenderam a se tornar crime organizado durante o convívio com a nata dos aprisionados comunistas, durante os anos 70, nas masmorras em que foram confinados por generais pouco instruídos na guerra ideológica. Eles se acasalaram em cativeiro.
Ninguém mais toca no assunto. Simplesmente porque nossos governantes perderam o controle sobre essa legião armada que, como estamos assistindo, atônitos, é capaz de tornar toda a sociedade refém de suas demandas justas e desmandos inaceitáveis.
Obvio que eles têm de ser bem remuneradas. Um funcionário público não pode ocupar um território de bandidos ganhando menos que um assassino de aluguel. Assim como é evidente que a truclência de seus métodos de reivindicação. Nossos meganhas estão se tornando guerrilheiros? Mais um pouco, vão adotar métodos terroristas? Chantagistas, já são.
O mais irônico, talvez trágico, é que o PT subiu a rampa do Palácio da Alvorada pisoteando quase todas as bandeiras que, aos berros, conclamava por uma sociedade mais justa e digna. Foram os militantes de esquerda as maiores vítimas de uma policia sádica, pistoleira, esquizofrênica e que sempre tratou com desprezo os ideais republicanos.
Por covardia, por absoluta falta de coragem em enfrentar um dos seus maiores algozes, deixaram que o ovo da serpente gerasse, na encubadeira da omissão, essa monstruosidade que ameaça entregar o país à barbárie, à guerra civil em que todos são vilões e ninguém fala em cidadania.
Não por acaso, em vez de otimizar prevenção e inteligência, bolaram mais uma corporação bélica, a Guarda Nacional, pensada por FHC e implantada por Lula. Eles sabiam o que estava por vir. Botaram mais óleo na fervura de um caldeirão prestes a explodir. Repito: eles sabiam o que estava por vir. O caos está apenas se anunciando. Temos todo motivo para ficar preocupados.
O carnaval? Se ele cai acontecer? Por gentileza, não sejamos ridículos, isso não tem a menor importância. Terrível é a quaresma sangrenta que nos aguarda.

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